Apresentador comemora com uma grande história e com o carinho de todo o povo brasileiro da Redação
Um dos maiores ídolos da comunicação brasileira, Silvio Santos completa neste domingo (12) 80 anos. A idade será ultrapassada após vários altos e baixos na vida, porém exercendo plenamente as funções de empresário e apresentador, as quais o consagraram perante o Brasil inteiro.
Silvio é acionista principal de grandes empresas, como a Jequiti Cosméticos, o Baú da Felicidade, o polêmico Banco PanAmericano e o SBT, uma das emissoras mais queridas de todo o Brasil. Para chegar ao império de hoje, que vale aproximadamente R$ 3 bilhões, Silvio Santos começou cedo na vida empreendedora.
Carioca do bairro da Lapa, um dos mais tradicionais do Rio de Janeiro, ainda aos 14 anos, Silvio Santos já trabalhava com o irmão Leon Abravanel nas ruas da cidade. Entre os serviços e produtos vendidos estavam desde uma capa protetora para títulos eleitorais até canetas compradas em atacado e que lhe garantia lucro na revenda.
Em um dos dias em que trabalhava, o dono do Baú foi pego por um fiscal da prefeitura e teve toda sua mercadoria apreendida. Seria apenas mais uma apreensão, como aquelas que ocorrem até hoje nas regiões de comércio popular, porém naquele dia, percebendo o potencial da voz de Silvio, o fiscal lhe entregou um cartão de uma rádio carioca para que pudesse fazer um teste.
Após pouco tempo na Rádio Guanabara – hoje Rádio Bandeirantes – Silvio Santos voltou às ruas, pois seu faturamento era maior por lá. Em uma de suas ideias, pensou em investir em um sistema de alto-falantes nas barcas que levavam trabalhadores do Rio a Niterói. O projeto foi a frente e o dono do Baú aproveitou para lucrar com o anúncio de produtos nos intervalos das músicas e também com um bar.
Poucos anos após ter dado os primeiros passos como empresário, Silvio Santos chegou a São Paulo, onde começou a fazer seu primeiro programa na TV Paulista. Paralelo a isso, ele se aproximou de Manoel de Nóbrega e adquiriu dele o Baú da Felicidade, que recém tinha sofrido um golpe de um dos sócios. Enquanto sua carreira de apresentador se consolidava, Silvio reformulou o Baú mas manteve a mesma filosofia de resgate de mercadorias.
No início da década de 70, a TV Paulista foi incorporada a Rede Globo. Na época, o famoso padrão Globo de qualidade começou a ser aplicado por Boni e Walter Clark e o famoso "Programa Silvio Santos", apesar de sua alta audiência, não era bem visto pelos executivos. Silvio ameaçou sair, mas Roberto Marinho lhe convenceu a ficar com um novo contrato – o qual proibia o apresentador de ser acionista de uma rede de TV.
Silvio Santos deixou a Globo e se transferiu para a Tupi ainda na década de 70. Além disso, naquela época, Ernesto Geisel assinou um decreto que concedia uma licença ao empresário. Nesse tempo surgiu a TVS, a TV Studios. Paralelo aos cuidados da nova rede, Silvio seguia apresentando o “Programa Silvio Santos”. Entretanto, com a falência da Tupi, ele se transferiu para a Rede Record, de Paulo Machado de Carvalho, e chegou a obter 50% de participação nas ações da empresa.
Na década de 80, Silvio conseguiu a licença do canal 4 de São Paulo. Nessa mesma época, transformou a TVS em SBT, o Sistema Brasileiro de Televisão.
TV Crítica: Silvio Santos, o vendedor de ilusões
Com o SBT se consolidando com sua programação alternativa a da Globo e Manchete, voltada ao entretenimento com Gugu Liberato e Hebe Camargo enquanto as concorrentes investiam em jornais e novelas, Silvio Santos almejou voos mais altos e se lançou candidato a prefeito de São Paulo em 1988. Apesar de toda a popularidade que tinha, a sua candidatura não foi a frente, assim como a de 1989, a Presidente da República, também não foi.
Na década de 1990, quando já não era mais necessário apresentar o "Programa Silvio Santos" pela Record, afinal o SBT já estava consolidado, o dono do Baú é convencido a vender a emissora e se concentrar na que era totalmente sua. A Record foi vendida a um emissário de Edir Macedo, que mais tarde lhe repassou o canal.
A década de 90 foi marcada pelo crescimento do SBT com a exibição de filmes, desenhos, programas de auditório e até mesmo investimentos em novelas, embora as cifras injetadas ainda fossem bem menores que as que a Globo investia. Destacaram-se o “Bom Dia & Cia”, “Domingo Legal” e “Éramos Seis”. As duas primeiras seguem no ar até hoje e se tornaram tradição pelo seus formatos. Já “Éramos Seis”, assim como “Ossos do Barão”, “As Púpilas do Senhor Reitor” e “Fascinação”, foi um grande sucesso de audiência e crítica.
Já no final da década de 90, também se consagra o “Show do Milhão”, que constantemente vencia a Globo no Ibope. Na mesma época estreou o “Teleton”, maratona beneficente que visa arrecadar fundos a serem destinados a AACD, a Associação de Assistência às Crianças Deficientes.
Os investimentos do SBT se mantiveram na programação popular, o que foi ratificado com a contratação de Carlos Massa, o Ratinho, em 1998. Na mesma época, as novelas brasileiras perderam espaço para produções mexicanas, como “Maria do Bairro” e “A Usurpadora”. Apesar da polêmica que se instaurou na época, Silvio triplicou o Ibope dos horários em que elas iam ao ar.
Na década de 2000, o SBT estava isolado na vice-liderança com uma confortável margem sobre a Band e Record, as quais disputavam pela terceira colocação com aproximadamente um terço do Ibope do SBT.
Já em 2005, Silvio Santos passa por uma fase de turbulência. A audiência do SBT começa a cair e perder espaço para os pesados investimentos feitos pela Record. Nesse ano, o apresentador cede aos apelos do departamento comercial e balança o mercado com a contratação de Ana Paula Padrão, terceiro nome do jornalismo global, abaixo apenas de Fátima Bernardes e William Bonner. Padrão foi seduzida por um salário milionário e tinha a missão de recriar o jornalismo da emissora, paralisado desde a extinção do “TJ Brasil”.
Apesar da contratação e dos investimentos em novas tecnologias e formatos, o SBT é ultrapassado pela Record em 2006. Durante os três anos seguintes, Silvio não propõe alterações drásticas em seu quadro e vê a concorrente se distanciar. Entretanto, em 2009, o dono do Baú perdeu Gugu Liberato para a rival e iniciou uma série de contra-ataques, vistos com o retorno de Eliana, a contratação de Roberto Cabrini, Roberto Justus, Tiago Santiago e Richard Rasmussen. Nesse mesmo ano, Daniela Beyruti, uma de suas filhas, ganha espaço nas reuniões do SBT e ajuda Silvio a decidir os rumos da emissora.
No ano de 2010, mais um baque atinge Silvio Santos. Dessa vez nada relacionado à emissora, embora ela estivesse em terceiro lugar. O banco PanAmericano, até então um dos negócios mais saudáveis do Grupo Silvio Santos, tinha um rombo de mais de R$ 2 bilhões, o qual não havia sido descoberto por maquiagem de balanços feitos pela diretoria. Silvio, que planejava se aposentar, adiou seus planos, trouxe o PanAmericano da Avenida Paulista para um dos prédios do SBT e colocou seu sobrinho Guilherme Stoliar como presidente do grupo.
No caso do banco PanAmericano, Silvio Santos mais uma vez provou sua habilidade como empreendedor. Mesmo precisando da fortuna para quitar as dívidas e manter os empregos de seus funcionários, ele driblou o Fundo Garantidor de Crédito e negociou um empréstimo de R$ 2,5 bilhões, os quais seriam pagos em dez anos, sem juros, tendo Silvio que apenas fazer a compensação monetária.
Silvio Santos chega a 80 anos com uma grande história e com o carinho de todo o povo brasileiro. Ele manteve seu bom humor mesmo com as derrotas impostas pela vida. Embora não tivesse motivos financeiros ou contratuais, Silvio sempre seguiu próximo dos programas de auditório, ao lado das famosas colegas de auditório, distribuindo aviões de dinheiro.